terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Campanhas eleitorais e impacto ambiental

Em 12 de outubro do ano passado o Conjur publicou um interessantíssimo artigo dos autores Paulo de Tarso Tamburini e José Albucacys Manso de Castro Júnior sobre os impactos ambientais das campanhas eleitorais do ano de 2012.

A forma como foram feitas as comparações nos dá uma dimensão - astronômica - de quão grande é o impacto negativo das campanhas eleitorais ao meio ambiente e o quanto se gasta nesta malsinada empreitada, senão vejamos os trechos mais impactantes do artigo:

"Com os valores parciais atuais, computando-se exclusivamente os números gastos com papéis e publicidade em jornais e revistas, chega-se a R$ 301.825.922,00. Isso significa mais de 10 bilhões de folhas A4, ou mais de 20 milhões de cadernos ou livros escolares de 50 folhas cada, ou 417.000 árvores cortadas. Com o valor declarado, seria ainda possível produzir cerca de 23 bilhões de “santinhos” (medindo 10cmx7cm, em papel de 75g/m2), os quais, se enfileirados, poderiam dar 58 voltas no planeta, com um peso estimado em 12.000 toneladas de papel. Lembrando que, para se fabricar apenas um quilo de papel, são gastos 540 litros de água, além de cloro e enxofre. Apenas para a produção do papel referente aos “santinhos”, gastaríamos cerca de 1 bilhão e 200 milhões de litros de água, suficientes para encher quase 25.000 piscinas (de 50.000 litros). E, isto somado, simplesmente vai para o lixo após o processo eleitoral.
Outro exemplo, refere-se ao combustível, aos lubrificantes e aos gastos com veículos, no valor de R$ 126.525.436,00, o que equivale a 52.911.667 litros de gasolina, ou 84.666.667 litros de álcool combustível, suficiente para se rodar mais de 5 milhões de quilômetros, ou fazer mais de 6 viagens de ida e volta à lua, com sobra na reserva, para mais uma voltinha dentro do planeta contribuindo no final com o acréscimo de 39 toneladas de CO2 para o aquecimento global.
Tem-se, ainda, os famosos carros de som gastando R$ 45.754.220,00, cujo único resultado, além do gasto do combustível e com o motorista, é o ruído irritante compulsoriamente imposto a todos e claramente superior ao permitido pela legislação (que é de 80 decibéis a 7 km de distância do carro de som — Res. 204, art. 1º CNT).
Com placas, estandartes e faixas já foram gastos R$ 95.950.202,00. Estes materiais trazem o agravante de serem fabricados com material altamente inflamável, que produz fumaça tóxica e não é biodegradável. Assim, facilmente se vê que nossa propaganda eleitoral vai ser capaz de atravessar milênios.
Somam-se a isso os riscos de danos às pessoas, que podem ser causados pelos cavaletes e objetos colocados nas vias públicas, facilmente carregados pelos fortes ventos desta época, pelos obstáculos ao trânsito ou pela distração causada aos motoristas; ou tornam-se armas lesivas em confrontos apaixonados e conflitos exaltados de comícios pelo país. Todo o lixo produzido e lançado irresponsavelmente às vias públicas pode entupir a rede de escoamento de água e contribuir para enchentes e alagamentos nas áreas urbanas.
Aliás, neste sentido, já se constatou o trágico fato da morte de uma idosa, na cidade de Bauru (SP), por ter escorregado no chão repleto de “santinhos”, na oportunidade em que se dirigia a sua seção eleitoral para votar, exercendo seu direito de cidadã. Acresce-se, por fim, a notícia de que teriam sido recolhidos perto de 500 toneladas de lixo de campanha, somente no estado do Rio de Janeiro." (fonte: http://www.conjur.com.br/2012-out-12/feito-relacao-impacto-ambiental-propaganda-eleitoral, grifos nossos, todos os direitos referentes a esta citação são exclusivos dos autores do artigo)
Curioso, não?

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